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Dow AgroScienCes aposta no sistema de trocas
Em julho de 2009, a Dow AgroSciences lançou, no País, as operações de barter para boi, chamadas de beeftrade, em que os preços dos produtos da empresa são negociados com base na cotação da arroba do boi gordo. Desde então, foram realizados negócios equivalentes a mais de dois milhões de arrobas. Em valores atualizados, a conta é de R$ 180 milhões, tomando o preço do boi vigente em Cuiabá (MT) no fim de outubro. “Estamos apostando que essa modalidade de negócios vá se fixar cada vez mais na pecuária”, diz César Vieira Júnior, gerente de negócios com commodities da Dow.
A empresa, com sede em Indianapolis, no Estado de Indiana, nos Estados Unidos, tem receita global de US$ 5,7 bilhões por ano. No Brasil, é uma das maiores na venda de agroquímicos para o controle de plantas invasoras em pastagens, entre eles herbicidas, pesticidas e fungicidas.
O sistema de troca, permuta, ou barter já salvou, literalmente, a lavoura de muito agri cultor. O serviço é oferecido por grandes companhias, como Monsanto, Syngenta, Cargill, ADM e Bunge, em troca dos grãos que serão colhidos mais tarde. Mas, na pecuária, trocar bois por insumos é um conceito quase desconhecido. Pecuaristas raramente recorrem a empréstimos para financiar a criação. “Se depender de nós, isso vai mudar”, diz Vieira Júnior. “Podemos crescer rapidamente porque quem faz negócio
num ano volta no seguinte.”
A Dow é a única empresa do setor a fazer barter de boi. A fazenda Conforto, no município de Nova Crixás, Vale do Rio Araguaia, a 380 quilômetros de Goiânia, participa desde o início do programa da Dow. Para o gerente da fazenda, Cláudio Braga, o programa de troca casa bem com a gestão da boiada porque fala a mesma língua do negócio, a arroba. “Quando compro em arroba, simplifico minhas contas”, diz. As trocas da Conforto com a Dow têm ficado na média de 1,3 mil arrobas por ano.
Segundo Braga, a maior vantagem do barter é ustamente travar as despesas porque, daí para a frente, não importa o que acontece com o preço do boi. “Fico protegido. Se o preço da arroba sobe, todos ganham, mas, se ela cai, eu não perco”, diz Braga. “Se houvesse barter para outros setores da fazenda, como a alimentação, por exemplo, faria todos.” A Conforto pertence a Alexandre Funari Negrão, ou Xandy Negrão, dublê de piloto de automobilismo na Fórmula GT Brasil e empresário (foi dono do laboratório farmacêutico Medley). Negrão deve terminar em confinamento 72 mil bovinos neste ano.
O barter da Dow tem uma operação bastante simples. Quando um pecuarista compra os produtos para pastagem, o valor do negócio tem como referência o indicador de preço da Esalq/BM&F Bovespa para o boi gordo. Também se estabelece um teto na relação de troca. De acordo com Roberto Risolia, gerente de marketing da linha pastagem da Dow, o teto protege o pecuarista, caso a arroba se valorize. “Se o teto para a arroba foi fechado em R$ 90 e no momento de quitar o negócio ela estiver em R$ 92, o ganho é do pecuarista”, diz Risolia. A duração de cada operação varia de 60 a 180 dias.
Outro adepto do sistema é o produtor Rafael Rigoni, dono de duas fazendas no Paraná, em Quedas do Iguaçu e São Jorge d’Oeste, onde faz integração lavoura-pecuária. Em suas propriedades, ele cria 1,5 mil animais cruzados de nelore com angus e hereford, planta soja e milho na safra, e feijão e trigo na safrinha. Segundo Rigoni, o tempo seguro para quitar a compra é a melhor garantia para o negócio. “Os preços da arroba têm oscilações absurdas, causadas por fatores que vão de boatos ao clima”, diz. Rigoni compra de 120 a 200 litros de herbicida, duas vezes por ano, e quita em 180 dias. “Comecei com o barter de boi, gostei, e agora estou indo para o de grãos”, diz Rigoni.
Fonte:
Dinheiro Rural / Por Vera Ondei
Data:
11/12/2012 12:08
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