Genebra, 17/12/2012 - A recessão econômica nos países do continente Europeu fará com que o Brasil registre seu pior saldo comercial com o bloco em mais de uma década. Dados oficiais revelam que, até outubro, as exportações brasileiras para o mercado europeu - o maior do mundo - sofreram uma retração de 7,5%.
A previsão também aponta para o acúmulo do maior déficit com a Alemanha em mais de duas décadas. Com a França, o buraco nas contas brasileiras já é o maior desde 1989.
Excluindo o ano de 2009, quando o comércio global registrou sua maior retração desde a Segunda Guerra Mundial, 2012 deve ser marcado pela maior queda nas exportações brasileiras para a Europa em 22 anos. Por enquanto, apenas o ano de 1990 registrou uma contração maior, com 8% de queda. O resultado de 2012 apresenta um tombo significativo na balança comercial. Até outubro, as exportações brasileiras para o mercado europeu somaram US$ 40,9 bilhões.
Já as vendas de produtos europeus ao mercado brasileiro continuaram ter um bom desempenho, com expansão de 4,5%. O resultado mostra o agravamento dos números referentes ao resultado das contas externas brasileiras. Por enquanto, os dados oficiais revelam um saldo favorável ao Brasil em apenas US$ 1,4 bilhão com o bloco europeu.
Em 2011, o superávit havia sido de mais de US$ 6,5 bilhões. Um superávit tão baixo quanto o de 2012 para o Brasil só foi registrado em 2001. Desde então, a Europa, que representa 20% das vendas nacionais, tem sido uma das garantias do superávit nas contas nacionais.
Mas, com a Europa de volta em uma recessão, cortes de salários, investimentos e desemprego recorde, um dos impactos mais claros tem sido a retração no volume de importação do continente.
Motor da Europa
As exportações brasileiras para a Alemanha, o motor da Europa, despencaram em 20%. Faltando dois meses para o fim do ano, os números revelam que o Brasil já soma o segundo pior déficit com a Alemanha desde 1989.
Mas, segundo os analistas, 2012 deve terminar com um buraco nas contas brasileiras de mais de US$ 6 bilhões, apenas na relação com a Alemanha. Com a França, a queda nas vendas brasileiras já chega a 10% em comparação com 2011. O déficit de US$ 1,6 bilhão já o maior em 23 anos.
Um dos casos mais dramáticos é a redução de 21% das exportações brasileiras para Portugal. O superávit nacional foi reduzido pela metade e a queda na venda de bens manufaturados brasileiros foi de 53%.
As vendas brasileiras para a Espanha despencaram em 16%. O mercado espanhol reduziu em mais de 52% suas compras de produtos manufaturados do Brasil. O que era um superávit de mais de US$ 1,4 bilhão a favor do Brasil em 2011 praticamente foi anulado em 2012.
No caso da Itália, as exportações brasileiras sofreram uma queda de 14% até outubro. O resultado tem sido uma explosão do déficit com a Itália, em mais de US$ 1,2 bilhão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (Jamil Chade, correspondente)