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Casos “não clássicos” de “vaca louca” serão comuns

 

O tipo "não clássico" da doença da "vaca louca" confirmado no Estado do Paraná foi registrado pelo menos 70 vezes em todo o mundo nos últimos sete anos - o primeiro foi em 2005 - e sua probabilidade de ocorrência é de uma para cada 1 milhão em animais com idade média de 11 anos. Essa é a conclusão dos principais estudos internacionais realizados sobre o tema, diz o professor titular de patologia veterinária da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Antonio Carlos Alessi.
 
Ainda que a taxa de incidência da variação "não clássica" da doença possa parecer alta, a idade média dos animais que a contraem indica que ela é menos alarmante. "Faz sete anos que o primeiro caso atípico foi registrado e o que encontramos até hoje é a ocorrência em animais de idade média de 11 anos", afirmou Alessi ao Valor.
 
No Brasil, os bovinos são abatidos por volta dos quatro anos de idade. No ano passado, o país detinha um rebanho de 212,8 milhões de cabeças, de acordo com o IBGE. O professor explica que, nos casos clássicos, o bovino é contaminado por meio da ingestão de farinha de carne e ossos de animais infectados. Já na variação "não clássica", as conclusões preliminares sugerem que a animal contrai a doença de forma espontânea. "Mas ainda não temos um conhecimento fechado sobre esse tipo de doença", pondera Alessi.
 
As evidências apontam que a vaca morta no município de Sertanópolis (PR) em 2010 tinha mesmo a variação "não clássica" da encefalopatia espongiforme bovina, o nome científico do mal da "vaca louca", conforme vêm defendendo o Ministério da Agricultura. Alessi lembra que o animal morto no Paraná tinha 13 anos, dentro do padrão verificado nos outros 70 casos atípicos de "vaca louca" registrados em todo o mundo. Além disso, o agente causador da doença - o príon - encontrado na vaca tem características do tipo H e não do C, que é o da doença clássica.
 
Também pesa "a favor" do caso brasileiro o fato de o Ministério da Agricultura ter sacrificado outras nove vacas do mesmo lote e idade do animal infectado para testes, que não apontaram a presença da doença. Se o animal paranaense tivesse contraído o mal da "vaca louca" por meio da ingestão de farinha de carne e ossos, as outras fêmeas também seriam contaminadas.
 
A possibilidade de ingestão de farinha de carne e ossos também é improvável por outro motivo, já que produto foi proibido no Brasil em 2004 justamente pelo risco de contaminação do rebanho. Segundo o veterinário, os casos clássicos da doença se concentram em bovinos entre quatro e cinco anos de idade. Os sintomas acontecem, em média, 2,5 anos após a contaminação e a vaca morta no Paraná sequer manifestou os sintomas clássicos, como excitação e andar cambaleante.
 
O especialista diz, ainda, que o agente causador da doença foi encontrado de maneira generalizada no cérebro da vaca que atestou positivo para a moléstia. "Na doença clássica, o príon se concentra no obex, que fica no tronco encefálico. No caso atípico, a presença do príon é mais generalizada, passando pelo tronco encefálico, hipotálamo, hipocampo. E esse padrão também foi visto nesse caso da vaca brasileira", diz o especialista.
 
Na opinião de Alessi, a única questão que pesa contra o Brasil é a demora de dois anos para notificar a doença. Para ele, a realização dos exames foi prejudicada pelo incêndio que atingiu o Laboratório Marcos Enrietti, responsável pelas análises animal do Paraná, em 2010.


Fonte: Valor Econômico
Data: 19/12/2012 15:47



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