O ano de 2012 será um recorde histórico das exportações de carne bovina brasileira.
Os números até a segunda semana de dezembro mostram que a exportação já atingiu este ano US$ 5,53 bilhões, marca superior ao ano de 2008, que havia registrado até então a maior exportação com US$ 5,4 bilhões. A expectativa é a de que as exportações até o final de 2012 atinjam US$ 5,8 bilhões.
O resultado poderia ter sido ainda melhor, mas a conjuntura macroeconômica de recessão provocou uma ligeira diminuição no preço médio da carne exportada.
O crescimento em volume também foi expressivo, revertendo a tendência de queda dos últimos três anos. De 2009 a 2011, apesar de aumento no faturamento, o volume exportado pelo país diminuiu. Em 2012, mesmo com uma conjuntura macroeconômica desfavorável, o Brasil conseguiu aumentar o volume exportado de janeiro a novembro em 12,25%, comparado ao mesmo período do ano passado.
Com os dados disponíveis atualmente, a Abiec considera que o Brasil vai retomar o posto de maior exportador mundial de carne bovina em 2012. No ano passado, os Estados Unidos ultrapassaram o Brasil nas exportações por questões de câmbio e um excesso de matéria prima ocasionado pela seca nos estados produtores.
Sobre o achado prionico no Paraná e as restrições às exportações brasileiras
A ABIEC reafirma que o Brasil nunca teve a doença da vaca louca. O animal que morreu no Paraná nunca manifestou sintomas dessa enfermidade. Simplesmente detectou-se a presença do príon, o que pode ocorrer espontaneamente em animais de idade avançada.
O sistema de defesa sanitária brasileiro funcionou como deveria, e demonstrou confiabilidade e transparência. O Brasil continua com status de risco insignificante para a BSE, status confirmado pela OIE.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento através de sua Secretaria de Relações Internacionais, o Ministério das Relações Exteriores e a ABIEC estão trabalhando para enviar toda solicitação de esclarecimentos de seus principais mercados, sejam essas solicitações oficiais ou privadas.
O Brasil exportou carne a 138 países em 2012. Até agora, oficialmente apenas os seguintes países apresentaram restrições à exportação brasileira por causa da notificação: Japão, China, Taiwan, Coréia do Sul, África do Sul e Arábia Saudita
O impacto comercial dessas restrições é pouco relevante. Em faturamento, estes mercados juntos representaram 4,42% das exportações totais do país.
Sobre beta agonistas e possíveis restrições às exportações brasileiras
Beta-agonistas são promotores de crescimento não hormonais amplamente utilizados em bovinos em confinamento por diversos países produtores de carne bovina.
No Brasil, uma Instrução Normativa de dezembro de 2011 permitiu o registros destes produtos para uso comercial no país. Os primeiros registros foram feitos em julho de 2012, de duas substâncias desta família de produtos, a ractopamina e o zilpaterol. Vários mercados compradores no entanto apresentam restrições ao uso destes produtos, e querem garantias da ausência de resíduos na carne que importam, entre eles Rússia e União Européia.
A ABIEC é favorável à incorporação de novas tecnologias no processo produtivo que possam proporcionar ganhos de produtividade, eficiência e competitividade. Mas tem prioridade em manter seus principais mercados na exportação.
Para que se mantenham os mercados com restrições ao uso destes produtos, é necessária a construção de um sistema de segregação que dê as garantias necessárias a estes mercados.
A comercialização dos beta-agonistas foi suspensa por Ato da Secretaria de Defesa Agropecuária SDA/MAPA em 1º de novembro de 2012. A suspensão é a garantia de que estes mercados não apresentarão restrições às exportações brasileiras. Esta suspensão só será revogada quando o sistema de segregação estiver em funcionamento e der as garantias aos mercados.
Situação nos principais mercados
Rússia
O fluxo comercial se manteve ao longo de 2012. Não existem restrições para a continuidade das exportações, nem pelo achado priônico do Paraná e nem pelas exigências relacionadas ao uso de ractopamina, cujo uso para bovinos no Brasil está suspenso.
União Européia
As exportações para a União Européia tiveram aumento de volume, mas queda em faturamento. A recessão econômica no continente pressionou os preços negativamente, que mesmo assim são os mais altos para a carne in natura entre todos os mercados. Atualmente, 1.833 propriedades rurais estão habilitadas para a União Européia no Brasil. A administração da Lista Traces de propriedades voltou para o Ministério da Agricultura no Brasil, mas a ampliação do número de propriedades depende de uma revisão das normas que regulamentam o SISBOV. Essa revisão será feita quando a Plataforma de Gestão Agropecuária, atualmente em testes, estiver em operação. A PGA é uma iniciativa da CNA em parceria com o MAPA, e unifica os bancos de dados do SISBOV e das GTAs eletrônicas dos órgãos de defesa estaduais em todo o Brasil. Sua entrada em operação representará um salto de qualidade e confiabilidade no controle sanitário do país, e possibilitará a ampliação do uso do SISBOV no rastreamento de animais.
Em relação à cota Hilton, houve uma evolução no cumprimento da cota pelo brasil. No ano cota de julho de 2011 a junho de 2012, o Brasil conseguiu cumprir 25,62% da sua cota de 10.000 toneladas. No ano anterior (2010/2011), apenas 4,51% haviam sido cumpridos.
Irã
O mercado iraniano, por motivos não comerciais, apresentou desempenho discreto entre janeiro e abril de 2012, o que impactou negativamente os resultados gerais da exportação brasileira, já que é um grande importador. A partir de maio as exportações foram retomadas e no segundo semestre, a média mensal de exportação (entre julho e novembro) foi de mais de 10 mil toneladas.
Entre os principais compradores foi o único com queda nos resultados em 2012, mesmo assim com a retomada do segundo semestre colocou-se como o 6º maior destino das exportações brasileiras no ano.
Mundo árabe
O Brasil apresenta expressivo crescimento nos principais mercados dos países árabes no Oriente Médio e Norte da África. A qualidade da carne brasileira, adequada ao paladar árabe por seu menor teor de gordura, a confiança no processo de abate Halal pela indústria brasileira, a estabilização política nos países da região e uma melhora da competitividade com um dólar mais favorável contribuíram para o bom desempenho das exportações.
A exceção neste quadro é Líbano, onde a instabilidade nas região vizinha perdura e influencia negativamente o comércio
América do Sul
As exportações aumentaram também para o Chile e Venezuela, os principais mercados do Brasil no continente.
No Chile, após a retomada das exportações em 2009, o Brasil vem reconquistando seu market share no mercado chileno.
A Venezuela também firma-se como um grande parceiro comercial do Brasil com sua entrada no Mercosul.
China e Hong Kong
A China é um mercado potencialmente muito interessante para o Brasil, e que cresceu significativamente durante o ano de 2012.
O Brasil tem 8 plantas habilitadas para exportação direta a China. Outras 11 plantas aguardavam habilitação, e a Abiec estava trabalhando intensamente em conjunto com o MAPA e MRE para conseguir essas habilitações.
A interrupção temporária das exportações para a China pelo acontecimento do Paraná significará obviamente um atraso maior neste processo de habilitação, até que o Brasil consiga fornecer todas as informações necessárias à reabertura deste mercado.
Para Hong Kong, a exportação continua aumentando ano a ano. Apesar da província estar administrativamente incorporada à China, os serviços de sanidade de Hong Kong continuarão com atuação independente pelos próximos anos. Não existem restrições para a exportação a este destino, muito mais relevante hoje para a indústria brasileira.
Perspectivas para 2013
Os mercados mais relevantes para a carne bovina continuam abertos e o fluxo de exportação tende a continuar positivamente. Uma recuperação econômica das grandes economias pode ajudar o crescimento da demanda. A continuidade do crescimento das exportações tanto em faturamento como em volume é esperada.
A Abiec trabalhará em conjunto com o governo brasileiro para reverter os embargos da carne bovina no menor prazo possível. A Abiec também continuará seu esforço de defesa dos interesses do setor e na busca de competitividade para a indústria brasileira.
Neste sentido, inúmeras iniciativas têm sido tomadas pela entidade na otimização de processos logísticos, na prorrogação de benefícios como o Reintegra, na modernização da legislação que regulamenta a inspeção nos frigoríficos, na inovação tecnológica, na redução da insegurança jurídica em cooperação com o Ministério Público, na promoção da sustentabilidade da cadeia produtiva e na promoção comercial da carne bovina brasileira em parceria com a Apex.