Os pecuaristas de Mato Grosso vêm vencendo inúmeros desafios para investir no melhoramento genético do rebanho. E os resultados já são percebidos na maior qualidade e maciez da carne Nelore, que é produzida a partir de um sistema ecologicamente correto.
Ao contrário de outros países, nosso boi – em sua maioria - é criado a pasto, recebendo em média 120 dias de suplementação no cocho pouco antes do abate no frigorífico. Isso significa que entregamos para o mercado internacional uma ‘carne verde’ e com sabor característico do campo.
É importante destacar que nos últimos 20 anos nossos números são muito positivos. O Programa Circuito Nelore de Qualidade, por exemplo, promoveu ações em 12 estados e fez mais de 143 mil abates técnicos. De 2003 a 2019, o incremento foi superior a 350%, chegando a 21,8 mil no ano passado, com a participação de 228 pecuaristas.
Esse trabalho realizado pela Associação Nacional dos Criadores Nelore do Brasil (ACNB), em parceria com a Associação dos Criadores Nelore Mato Grosso (ACNMT), tem movimentando a economia regional e nacional. Em 2019, a parceria com a marca Friboi gerou R$ 6,12 milhões em pagamentos de bonificação, acima da arroba do boi, aos produtores associados.
Mato Grosso tem papel fundamental nesse contexto, pois além de ter o maior rebanho do país, com mais de 30 milhões de cabeças, do qual mais de 80% Nelore, teve a participação de 44 pecuaristas e mais de 4,8 mil animais no programa, obtendo ótimas classificações nos campeonatos nacionais.
Participamos de 5 etapas com ótimas classificações de produtores de Diamantino, Araputanga, Pontes e Lacerda, Barra do Garças e Colíder. Também alcançamos 11 unidades de abates técnicos da Friboi instaladas e funcionando, conforme o Protocolo Nelore Natural (PQNN), o maior número das 36 unidades nacionais.
Água Boa, Alta Floresta, Araputanga, Barra do Garças, Colíder, Confresa, Diamantino, Juara, Juína, Pedra Preta, Pontes e Lacerda fizeram abates como este, totalizando aproximadamente 10 mil animais, sendo que Barra do Garças somou mais abates técnicos constantes. Mas o potencial de Mato Grosso é muito superior!
O PQNN é um programa que recompensa financeiramente produtores rurais que adotam a criação de animais dentro de padrões estabelecidos. Ganha o pecuarista, que é valorizado pela produção de carne saudável, dentro de normas de sustentabilidade ambiental, bem-estar animal e social.
Ganha ainda o consumidor final, que pode comprar uma fonte de proteína animal rica, saborosa, macia e certificada, com total transparência do processo produtivo. Entre as exigências do programa estão: acesso do rebanho a um ambiente amplo, arejado e sombreado, água limpa e fresca, manejo feito por profissionais capacitados e exposição ao menor estresse possível, além de uma dieta natural.
Outro ponto fundamental desse trabalho da associação é a base genética de melhoramento da raça, que é o alicerce da evolução do rebanho Nelore. A meta neste ano é superar os 20 mil animais avaliados. Para isso, deve haver cerca de 30 etapas do Circuito Nelore, em 10 estados, quatro ou cinco em Mato Grosso, onde a expectativa é vistoriar mais de 5 mil animais.
Nosso papel, como entidade, é oferecer ferramentas que auxiliem o pecuarista avançar da porteira para dentro, por isso o protocolo Nelore Natural é desenvolvimento normalmente junto com o Programa Circuito Nelore de Qualidade. A resposta imediata é maior lucratividade, que em algumas propriedades já saiu de uma média de 5 arrobas/hectare para até 80 arrobas/ha!
O maior desafio da Associação Nelore em 2020 é trazer cada vez mais produtores para esse sistema, que enxerga a propriedade como uma empresa e a pecuária como um negócio lucrativo e viável. Isso inclui grandes e pequenos, porque cada um pode inovar dentro da própria realidade e assim contribuir com a produção de alimentos para o mundo.
*Breno Molina, presidente da Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT), pecuarista em Poconé e empresário em Cuiabá, neloremt@terra.com.br.