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Grupos ligados ao campo são destaque na bolsa
A maioria das empresas ligadas ao agronegócio apresentou desempenho positivo na BM&FBovespa em 2012. De 15 empresas listadas na bolsa, nove encerraram o ano com maior valor de mercado. Dessas, oito registraram ganhos de dois dígitos.
Terceira maior processadora de carne bovina do país, a Minerva Foods liderou as altas, com valorização de 122,09% no ano, seguida por São Martinho (69,64%), Agrenco (60%), Cosan (57,78%) e Vanguarda Agro (35,69%). Completam a lista a SLC Agrícola (32,53%), a Tereos (16,7%), a BRF - Brasil Foods (16,69%) e a BrasilAgro (3,52%).
Em contrapartida, as maiores variações negativas foram as da Renar Maçãs (44,44%), da Nutriplant (18,92%), da Vigor (9,38%) e da Heringer (6,13%). Em sua incômoda companhia ficaram as gigantes das carnes JBS (1,32%) e Marfrig (0,70%).
As processadoras de carnes - o segmento do agronegócio mais representado na bolsa - tiveram de lidar com contrastes em 2012. De um lado, lucraram mais com o abate de bovinos na América do Sul, reflexo da maior disponibilidade de animais e da queda nos custos de produção no continente. Do outro, enfrentaram uma grave crise de custos e superoferta nas áreas de aves e suínos, o que obrigou a indústria a reduzir a produção e reajustar preços.
Essa conjuntura foi particularmente favorável à Minerva, que não opera nos ramos que enfrentaram dificuldades em 2012 - o frigorífico atua apenas no abate de bovinos na América do Sul, ao contrário de JBS e Marfrig, que optaram pela diversificação. Além disso, a Minerva Foods adotou uma bem-sucedida estratégia de alongamento de dívidas, que aliviou sua situação de caixa.
Com a recente emissão de ações, que levantou R$ 557 milhões, a Minerva também espera reduzir sua alavancagem a níveis civilizados. Segundo relatório divulgado em dezembro pelo Bank of America (BoFA), a relação entre dívida líquida e Ebitda da companhia deve recuar de 3,7 vezes, em setembro, para 1,8 vez até o fim de 2013.
Já a Marfrig teve outro ano difícil. Além dos problemas enfrentados com os negócios de aves e suínos, a empresa teve de aplacar a desconfiança dos investidores. A empresa terá de desembolsar cerca de R$ 3,2 bilhões para o pagamento de dívidas entre 2013 e 2014 e, até o fechamento do terceiro trimestre, dispunha de R$ 2,8 bilhões em caixa.
Assim como a Minerva, a Marfrig também emitiu ações no fim do ano, mas a captação de pouco mais de R$ 1 bilhão ficou aquém do esperado. Segundo o BTG Pactual, a relação entre dívida líquida e Ebitda da companhia se mantém próxima de 4 vezes - um patamar ainda elevado -, de modo que a companhia pode precisar recorrer a um novo refinanciamento. Por isso, precisa melhorar suas margens operacionais e gerar caixa em 2013. Para os analistas do BoFA, trata-se de um cenário factível, sustentado pela expectativa de melhora das margens em frango e pelo ambiente favorável nos bovinos.
Apesar do abalo nas exportações e dos custos de produção, a BRF fechou o ano com valorização. A empresa traça um cenário otimista para 2013, com forte recuperação dos preços de aves e suínos e repasse integral do aumento de custos para os consumidores.
A JBS também vislumbra um ano mais favorável, depois de patinar em 2012. Maior processadora de proteínas animais do mundo, a companhia vem ampliando rapidamente sua exposição à carne bovina no Brasil - segmento mais rentável de suas operações. A divisão de frangos da companhia, a americana Pilgrim's Pride, vem melhorando seus resultados. A incógnita, no entanto, é como vai se comportar a operação de bovinos nos EUA, onde há queda no rebanho disponível para abate.
Apesar da forte queda nos preços internacionais do açúcar nos últimos meses e da falta de competitividade do etanol frente à gasolina - motivo de chiadeira no segmento -, as indústrias sucroalcooleiras de capital aberto (São Martinho, Cosan e Tereos) estão entre os destaques positivos na BM&FBovespa.
O bom desempenho reflete o aumento da produção e da produtividade de seus canaviais, além de estratégias bem-sucedidas de precificação do açúcar- principalmente no caso da São Martinho, que já travou 70% da safra 2012/13 e 38% da safra 2013/14 a valores bem acima dos praticados na bolsa de Nova York, segundo relatório do Barclays divulgado em dezembro passado.
Se a queda nos preços do açúcar é um problema, o etanol pode ser a surpresa positiva. A expectativa é que o governo eleve de 20% para 25% a mistura do anidro na gasolina e reajuste os preços do combustível fóssil - abrindo caminho para uma elevação nos preços do etanol hidratado. Para os analistas do Barclays, as ações das três empresas ainda estão abaixo do preço-alvo e, portanto, tendem a se valorizar.
O ano também foi favorável para as empresas produtoras e exportadoras de grãos, caso da SLC Agrícola e da Vanguarda Agro, beneficiadas pela escalada das cotações internacionais da soja e do milho. A alta das ações da Vanguarda também reflete o processo de reorganização da companhia após um conturbado período de consolidações e disputas societárias, que culminou na saída do megainvestidor espanhol Enrique Bañuelos do grupo de acionistas controladores.
Recentemente, a Vanguarda anunciou uma capitalização de R$ 350 milhões por meio de uma emissão privada de ações e a entrada do fundo Gávea Investimentos em seu capital. Além de melhorar a estrutura de capital da empresa, os recursos devem ser usados para renovar o parque de máquinas e investir em terras. A empresa também anunciou um novo CEO, o administrador Arlindo Moura, que por oito anos comandou, com sucesso, a concorrente SLC.
Fonte:
Valor Econômico / Por Gerson Freitas Jr /De São Paulo
Data:
02/01/2013 12:44
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