Em uma assembleia realizada na cidade de Azul, na província de Buenos Aires, associações de produtores agropecuários decidiram resistir ao confisco do histórico centro de exposições da Sociedade Rural Argentina, em pleno bairro portenho de Palermo, com a instalação de uma barraca na frente do lugar. O confisco foi anunciado pelo governo da presidente Cristina Kirchner em dezembro, sob alegação de que a privatização dos terrenos, realizada na época do presidente Carlos Menem (1989-99), havia sido "irregular". A União Industrial Argentina (UIA) expressou "preocupação" com a "situação gerada sobre os terrenos" da Sociedade Rural.
Os ruralistas prometem resistir ao despejo marcado para o dia 20. No dia 26 de dezembro, as quatro associações de produtores da Argentina - a Sociedade Rural ,Coninagro, Confederações Ruralistas Argentinas e a Federação Agrária - protagonizaram um locaute de 24 horas em protesto ao confisco de Cristina Kirchner. A tensão aumentou ao longo das últimas semanas quando militantes kirchneristas picharam as paredes do edifício com frases peronistas para festejar a passagem das instalações às mãos da administração "nac e pop" (nacional e popular, slogan do governo Kirchner).
Os terrenos e os edifícios da Sociedade Rural no bairro de Palermo são tradicionalmente os cenários de dois eventos anuais marcados por discursos de tom crítico à presidente Cristina, a Feira do Livro e a Exposição Rural. Os produtores agropecuários encararam a medida como uma vingança pelos diversos locautes que o setor realizou em 2008 e 2009 em protesto contra o "impostaço" agrário da presidente argentina. "O governo não nos calará com este tipo de medida", afirmou o presidente da Sociedade Rural, Luis Etchevere.