Nem a confirmação do embargo peruano à carne bovina brasileira - ampliando para 10 o número de países com algum tipo de restrição - fez o Brasil mudar o tom. Até março, a ordem é seguir o manual das boas maneiras nas negociações, para, só então, comprar uma briga na Organização Mundial do Comércio (OMC).
A suspensão do Peru é por 90 dias. Os embargos vieram depois da confirmação, no mês passado, do registro de um caso não clássico da vaca louca em 2010, no Paraná. Segundo o Ministério da Agricultura, os países que já deixaram de comprar a carne brasileira são responsáveis por uma pequena parcela das exportações, cerca de 5%. A maior preocupação é a Arábia Saudita, que figura entre os maiores importadores. Ainda assim, o país já autorizou o embarque de gado vivo do Pará.
Célio Porto, secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, diz que o Brasil buscará negociações até março antes de tomar qualquer ação mais forte. A medida é recomendada pela OMC. "Temos expectativa de que nesses três primeiros meses, a gente consiga remover os embargos. Se depois deste período não conseguirmos sucesso com algum país específico, sempre cabe recurso à OMC. E o Brasil não se furtará de fazê-lo - destacou".
Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, cada caso precisa ser avaliado individualmente. O dirigente defende o diálogo com mercados que pediram informações técnicas ao ministério e o endurecimento com Japão, Coreia do Sul e Taiwan, que fecharam as portas para o produto "sem explicações".