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Maior pressão no mercado de carnes

O mercado de carnes começa 2014 com sinais desencontrados. Enquanto o preço do boi gordo segue em alta no mercado interno, na exportação as cotações em dólar recuaram em janeiro. No caso do frango, os preços caíram nos dois fronts. Enquanto isso, o segmento de carne suína encara cotações relativamente sustentadas, a despeito das fracas demandas externa e doméstica.

Ainda que o ano esteja só no início, o quadro tem levado investidores e analistas a questionar que efeito esse recuo nos preços de exportação pode ter nas margens dos frigoríficos brasileiros. Mas, apesar do alerta, a queda do real diante do dólar em 2013 mais do que compensa as quedas dos preços médios das carnes bovina e de frango exportadas. Em janeiro, a cotação média do dólar (ptax) ficou em R$ 2,3822, 17,2% acima do mesmo mês de 2013, de acordo com o Valor Data.

Analistas apontam duas razões principais para o recuo das cotações médias nas vendas ao exterior. Segundo José Carlos Godoy, secretário-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (Apinco), os importadores de frango têm pedido descontos nos preços em dólar por conta da desvalorização do real ante o dólar. Isso porque o importador sabe que a situação permite que o exportador receba mais reais a cada dólar vendido.

Além disso, Godoy observa que a demanda no mercado internacional anda estagnada e também há um número maior de países buscando autossuficiência em frango e investindo em avicultura, como a Rússia.

De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o preço médio da carne de frango na exportação em janeiro foi de US$ 1.773,89 por tonelada, retração de 9,47% sobre igual mês de 2013. O volume exportado subiu 3,86% na comparação, para 269,9 mil toneladas. Com preços mais baixos, a receita caiu quase 6%, para US$ 478,7 milhões.

Os preços do frango no mercado doméstico também sofrem pressão desde o mês passado. A demanda é geralmente mais fraca nesse período do ano por conta das férias, e as altas temperaturas também têm afetado o consumo, diz Godoy, da Apinco. Desde o início do ano, os preços do frango vivo em São Paulo caíram de R$ 2,50 para R$ 2,25 na quinta-feira, segundo informações da Jox Assessoria Agropecuária.

Segundo Godoy, a perspectiva para o curto e médio prazos é de "alguma recuperação" nos preços da carne de frango, graças à volta às aulas e ao esperado aumento do consumo durante a Copa do Mundo, em junho.

No segmento de carne bovina, o principal responsável pela queda do preço médio da carne exportada pelo Brasil foi o câmbio, diz o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio. "Pela mudança de patamar que teve, o câmbio exerce grande influência".

A queda do preço em dólar, afirma, não é necessariamente negativa. "Com a queda do preço médio, você recupera rentabilidade em vários mercados". Segundo Sampaio, o cenário era o oposto em meados de 2009, quando o real estava mais valorizado e reduzia a competitividade dos frigoríficos brasileiros. "Quando o dólar chegou a R$ 1,60, nossa carne ficou muito cara".

Além da pressão cambial, o mix de venda de carne bovina ao exterior em janeiro também levou ao recuo das cotações, segundo fontes de frigoríficos. No mês passado, as empresas brasileiras exportaram mais cortes de dianteiro e poucos cortes de traseiros, mais nobres e mais caros.

Uma das razões para isso são as menores compras da Europa, que normalmente importa mais no começo do ano para atender ao aumento do consumo após a Páscoa. Como este ano a festa religiosa ocorre mais tarde, as importações também devem ser postergadas, afirma uma fonte. Mas a expectativa é de recuperação de preços já neste mês.

Em janeiro, segundo a Secex, o preço médio da carne bovina na exportação ficou em US$ 4.364 por tonelada, 4,61% menos que em igual mês de 2013. Os volumes de carne bovina exportados totalizaram 105,1 mil toneladas, avanço de 17,5%. Em receita, o aumento foi menor na comparação em função do recuo dos preços de venda: a alta foi de 12,3%, para US$ 458,8 milhões.

Na avaliação de Sampaio, da Abiec, a perspectiva para as exportações brasileiras de carne bovina continuam positivas para 2014, e o preço em dólar não muda a expectativa de aumentos de receita e de volume. No fim de 2013, a Abiec estimou que os embarques do produto renderão o recorde de R$ 8 bilhões neste ano.

No segmento de carne suína, os preços começaram o ano de maneira atípica, diz Camila Ortelan, analista do Centro de Estudos em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq/USP). Na primeira quinzena de janeiro, a cotação da carcaça suína no atacado paulista aumentou 2,1%, a R$ 6,13 o quilo.

"Houve uma restrição de oferta", diz a analista. Segundo ela, os preços mais atrativos de dezembro fizeram com que muitos produtores adiantassem a venda de alguns animais que só estariam prontos para o abate em janeiro. Assim, o ano começou com oferta mais baixa que o normal. Na segunda quinzena do mês, porém, a oferta restrita não foi capaz de segurar os preços, devido à menor demanda sazonal. O preço da carcaça suína caiu 5,6%, a R$ 5,79 o quilo.

Diferentemente de outras carnes, a suína registrou estabilidade nos preços de exportação em janeiro. Conforme a Secex, a tonelada da carne suína exportada em janeiro saiu por US$ 2.771, alta de 0,44% sobre igual mês de 2013. Mas volume e receita dos embarcados caíram. Foram 29.197 toneladas (baixa de 15,6%) e US$ 80,9 milhões (recuo de 15,2%).



Fonte: Valor Econômico
Data: 10/02/2014 13:54



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