A nova desaceleração dos preços de Alimentação assegurou, mais uma vez, a queda da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), que passou de 0,86% para 0,78% entre a segunda e a terceira quadrissemana de abril. "Temos alimentação, que continua desacelerando e, do lado das altas, praticamente só Saúde e Vestuário", resumiu o coordenador do IPC-S e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti.
Na terceira leitura do mês, o grupo Alimentação reduziu a alta a 1,63%, ante 1,79% na segunda medição, enquanto o grupo Saúde e Cuidados Pessoais acelerou de 0,75% para 1,02% e Vestuário, de 0,78% para 1,03%. "Saúde já estava na conta em razão dos medicamentos", disse o coordenador. O comportamento reflete o reajuste, autorizado pela Câmara de Regulação de Medicamentos (CMED), de até 5,68% para os preços de remédios a partir de 31 de março. Em Vestuário, Picchetti afirma que o movimento pode estar relacionado à antecipação da demanda por roupas de inverno.
De acordo com o coordenador, Hortaliças e Legumes (7,94%, ante 12,81%) responderam pela maior parte (-0,06 ponto percentual) da desaceleração de 0,08 ponto percentual entre o IPC-S da segunda e da terceira apurações do mês, com destaque para o tomate (-0,04 ponto). Ainda em Alimentação, pelo lado das altas, Picchetti destacou Carnes Bovinas (2,41%) e Laticínios (3,14%).
"Um item que está ajudando é o pão francês, e vai continuar ajudando pois está com desaceleração na ponta [pesquisa semanal]", disse. O preço do pão francês, em média, desacelerou a alta de 2,49% para 1,73%, refletindo, segundo o coordenador, o efeito do câmbio mais apreciado.
Para Picchetti, o quadro da inflação na terceira quadrissemana de abril sugere que o IPC-S deve mesmo fechar o mês na previsão de 0,60%, mas alerta que este não é um nível confortável para a inflação. "Em termos absolutos, ainda é um nível elevado." Para 2014, a expectativa do coordenador é de alta de 6,3% para o IPC-S.
Além da desaceleração da alta dos preços de Alimentação, outra boa notícia dentro do IPC-S foi a expressiva aceleração da deflação dos preços das passagens aéreas, de -2,95% para -22,56% da segunda para a terceira quadrissemana de abril. "É o fim do efeito feriado", explicou Picchetti.
De acordo com ele, as passagens aéreas estão devolvendo as altas provocadas pelo aumento da demanda em razão do feriado da Páscoa e os preços continuam em baixa nas pesquisas de ponta semanais da FGV. "Na ponta, a queda já está superior a 30%."
As tarifas aéreas foram determinantes para a queda de 4,14% do subgrupo Passeios e Férias e também para a inversão da alta do grupo Educação, Leitura e Recreação (0,32% para -0,49%).
Ainda de acordo com a pesquisa da FGV, o indicador de difusão do IPC-S da terceira quadrissemana de abril atingiu 74,41%. O resultado é superior ao da quadrissemana anterior (72,06%) e o maior desde a terceira quadrissemana de janeiro de 2013, quando ficou em 75,29%. Já o IPC-S desacelerou de 0,86% para 0,78% entre a segunda e a terceira quadrissemanas do mês.